sábado, 15 de setembro de 2012

EU SOU TORNEIRO MECÂNICO



Na era da automação industrial, nós profissionais (e artistas) fazemos parte de uma espécie em extinção. Essa profissão, que projetou um presidente, hoje está em extinção. Os torneiros, lídimos representantes da elite operária brasileira, são hoje uma fração do que foram – em número e importância. A abundância de empregos do período do milagre transformou-se na maior onda de desemprego da história do Brasil. São 11 milhões de desempregados no País. E a profissão de torneiro, uma das mais prestigiadas da indústria brasileira, entrou em decadência e hoje caminha para a extinção.
“A tecnologia acabou com os nossos empregos”, lamenta Durval Azzi, de 59 anos,  hoje aposentado. Filho de imigrantes italianos, ele formou-se pelo Senai em 1969 e fez a própria vida no torno.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, em 1997, existiam 37.277 torneiros com carteira assinada no Brasil. Em 2000, esse número caiu para 34.888 e vem diminuindo ano a ano. As escolas de formação profissional refletem a mudança. Em 1963, no Senai, 20% dos alunos de aprendizagem industrial cursavam tornearia mecânica. Em 1993 o curso fechou por falta de demanda industrial. “É uma ocupação que vem se extinguindo”, diz Valter Viciofini, diretor técnico do Senai de São Paulo.
Um dos últimos moicanos é Joaquim de Paula Alves, torneiro mecânico da Volkswagen. “Na década de 90, trabalhavam 80 torneiros no meu setor. Hoje, restam cerca de 12”, diz com muita tristeza. Mineiro, trabalhou na roça até os 18 anos, quando veio para São Paulo e cursou o Senai. Há mais de 20 anos ele aciona as alavancas da sua máquina e nesse tempo viu o campo de trabalho encolher ao seu redor. “Hoje o torneiro nem é mais respeitado”, opina. Enquanto ele ganha R$ 15,50 por hora – cerca de R$ 3 mil por mês. Embora os torneiros estejam em extinção, é visível o orgulho dos que passaram ou ainda estão na profissão.

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