Na era da automação industrial, nós
profissionais (e artistas) fazemos parte de uma espécie em extinção. Essa profissão, que projetou um presidente, hoje
está em extinção. Os torneiros, lídimos representantes da elite operária
brasileira, são hoje uma fração do que foram – em número e importância. A
abundância de empregos do período do milagre transformou-se na maior onda de
desemprego da história do Brasil. São 11 milhões de desempregados no País. E a
profissão de torneiro, uma das mais prestigiadas da indústria brasileira,
entrou em decadência e hoje caminha para a extinção.
“A tecnologia acabou com os nossos empregos”,
lamenta Durval Azzi, de 59 anos, hoje
aposentado. Filho de imigrantes italianos, ele formou-se pelo Senai em 1969 e
fez a própria vida no torno.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho,
em 1997, existiam 37.277 torneiros com carteira assinada no Brasil. Em
2000, esse número caiu para 34.888 e vem diminuindo ano a ano. As escolas de formação
profissional refletem a mudança. Em 1963, no Senai, 20% dos alunos de
aprendizagem industrial cursavam tornearia mecânica. Em 1993 o curso fechou por
falta de demanda industrial. “É uma ocupação que vem se extinguindo”, diz Valter
Viciofini, diretor técnico do Senai de São Paulo.
Um dos últimos moicanos é Joaquim de
Paula Alves, torneiro mecânico da Volkswagen. “Na década de 90,
trabalhavam 80 torneiros no meu setor. Hoje, restam cerca de 12”, diz com muita
tristeza. Mineiro, trabalhou na roça até os 18 anos, quando veio para São
Paulo e cursou o Senai. Há mais de 20 anos ele aciona as alavancas da sua
máquina e nesse tempo viu o campo de trabalho encolher ao seu redor. “Hoje o
torneiro nem é mais respeitado”, opina. Enquanto ele ganha R$ 15,50 por hora –
cerca de R$ 3 mil por mês. Embora os torneiros estejam em extinção, é visível o
orgulho dos que passaram ou ainda estão na profissão.
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